Houve um tempo em que queria ser Apolo, sua figura tão dispare da minha, incutia-me tantos desejos... E a minha imaginação atiçava, pelo que via! Naquele tempo eu não me percebia, com os olhos com que me vejo agora! Benfazejo o tempo que me separa daquele desejo, tempo que me curou certas feridas... Tempo que colorio a minha vida, fazendo outros sonhos em mim aflorar! Houve um tempo que ser Apolo eu queria, pois na minha mente havia fantasias que descarto fora... Não via que ser Apolo era desmerecer-me não dar valor á minha vida! Como é triste pensar-se outro, como se o que se é fosse desmérito... Noutro dia vi Apolo chorar da mesma maneira que choro! Outro dia vi Apolo sorrir da mesma maneira que sorrio agora... Houve um tempo que eu queria ser outro, que não percebia nele o que percebo agora: Ele é tão igual a mim, sua diferença esta apenas por fora! E ele tem seu calcanhar de Aquiles, como o meu que vez e outra aflora! Se somos tão iguais por dentro que importa as nossas diferenças de fora?