AOS MEUS AVÔS...
Aos meus avôs...
O céu está escuro... Sem luz e sem brilho! Onde estão as estrelas? E aquele brilho azul estelar onde jaz agora? Naufragaram nas águas da chuva que cai fria e lenta?
Eu aqui fico pensando em tudo e em nada!
A memória reaviva momentos idos... Uns vividos com alegria, outros com certa tristeza e um pouco de amargor!
Hoje é dia da avó! Dia do avô! E estão fazendo burburinho por isso...
Burburinho que não ecoa tanto assim em meus sentidos, não que eu seja refratário a ele, mas por que meus avôs vivem comigo:
No vento que traz suas palavras doces, às vezes exasperadas... Nas flores que exalam os seus odores corporais... Principalmente da vovó!
Nos caminhos que percorri tanto, e hoje nem tanto mais...
Nas lembranças, tão coladas em mim que me parecem a minha própria pele, e como vive, e como pulsa, e como respira, vive plena, alegre, leve, me fazendo feliz!
Meus avôs são lembranças, odores, gostos, gestos...
São o ir ao sitio no interior de São Paulo... O correr atrás da criação, o comer doce de mamão até me fartar, e o sentir-me mal pela gulodice...
É os biscoitos de polvilho azedo, a brevidade quentinha com chocolate, as compras da cooperativa que esperava traquina na soleira da casa da Rua Osvaldo Tossi 124.
Meus avôs são abraços, beijos, olhos nos olhos, palavras certeiras, como se eles fossem hábeis arqueiros, que nunca erram o seu alvo!
Meu Deus, como eles acertaram fundo o meu coração!
Como tocaram fundo em minha alma, e na de meus irmãos...
O tempo consome tudo...
Desgasta a matéria, devasta a carne! O tempo arrasta tudo em seu fluxo rumo ao nada...
Mas a memória de meu coração e de minha alma,faz com que o tempo se curve sobre si mesmo, e o que seria apenas devaneio agora, toma corpo e toma forma:
Meus avôs vivem, pois estou vivo agora!
E por que amor, carinho, atenção e desvelo, a morte não apaga, quando muito transforma; mas sempre será amor!
Nesta noite fria e chuvosa não existe solidão, só memória, as de minha alma, e a do meu coração!
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
26/07/2013
Edvaldo Rosa
Enviado por Edvaldo Rosa em 27/07/2013