O HOMEM DA FOTO... E O QUE A VÊ!
Num instante preciso, houve o registro fotográfico...
Entre luz e sombra um homem, abre os braços, que suspensos no ar não se enlaçam a nada...
Quais teriam sido as suas últimas palavras, que ecoaram por entre dentes e lábios agora cerrados?
Como teriam sido os últimos movimentos do homem agora estático, imóvel?
Na chapa, um fundo negro envolve o homem vestido por uma túnica amarela, estampada... Que se realça perante um foco de luz...
Correias negras, pendem um violão rente ao seu corpo... Mas tanto ele quanto o seu violão parecem congelados no ar! Mas, há uma atmosfera... Algo que captura o olhar...
A imagem da foto é enigmática!
Parece uma pintura, que desafia em silêncio o seu observador!
O homem da foto então, assim se transforma, não é mais um homem... - É um ícone, um estandarte, a imagem solidificada de um pensamento... Reflexo de uma realidade!
A frente deste homem vem o instrumento utilizado por ele, depois vem as vestes que lhe recobrem as partes, e que podem dizer um pouco sobre quem é... Como é... Após vem o seu corpo, - que fala, que toma partido, com sua postura...
E a face traz um dizer que suplanta qualquer entendimento... - A foto é muda, sem realmente ser!
Existe algum encantamento, no instante que foi capturado pelas lentes da objetiva... E este encantamento ecoa...
Será este o destino de alguns homens, significar algo além de somente existir?
Não seria este um destino ideal para todo ser humano? E o seu legado final?
E numa ótica inversa, será que este significar não é o que o observador pensa como significado?
Seja como for, toda ação humana procura em outros se perpetuarem! Mas, deixemos que o homem da foto fale de si mesmo, antes de aventar conjecturas:
Sobre as “ORIGENS DE MIM, EM EU MESMO.” Diz Carlos Silva:
N’algum lugar por entre nuvens acima delas tão altas eu sei, existe um lugar bonito, muito mais do que o lugar donde estou agora.
Quisera-me entender as vontades que impulsionam o Homem a fazer tantas coisas erradas.
A ambição é sadia, se ela for dosada para o bem do ser mais próximo dos muitos de todos nós todos.
Se aplicada com avareza, tornar-se-á a pior companheira de vida de quem vive.
Rico eu muito sou, por não correr tanto, atrás das coisas que estão bem além das minhas condições de ambicionar. Eu sou feliz, por ter o que tenho, por ser o que sou por ir onde quero, e até mesmo por dormir na areia da praia sem ninguém me perturbar.
Posso não ter posses, mas tenho liberdade de viver em meio aos meus sonhos tantos. Não de consumo, mas sim de realizações através do ser que sou e faço.
Já vi muitos antecipando seus “certificados de óbitos”, tentando obter o que não lhes pertence. Meu verso é meu desabafo, meu grito de liberdade em poder sonhar com um mundo mais justo através da minha arte. A vida meu amigo, “para quem sabe viver” já é uma rica obra de arte.
Toque um violão, faça um verso, faça alguém bater palmas de satisfação por curtir o que você apresenta para ela, faça um verso, ou até mesmo uma rima errada, cante desafinado, conte piada sem graça, mas tente fazer com que alguém te perceba.
Mas te perceba não por descaso, mas sim por respeito de você ter a coragem, à vontade e a liberdade de fazer arte mesmo sendo as mais absurdas (aos olhos de outrem). Tente “SER” feliz, demonstre isso a todo instante e em todos os lugares. Lembre-se de uma coisa importantíssima na vida: DINHEIRO PODE SER BOM, mas não compra sorriso sincero.
Tudo aquilo que a gente tem que pagar, só vale aquilo que se paga e se recebe por ela. A minha vida não é moeda de troca, o meu expressar tem a obrigação de fazer as pessoas sentirem-se felizes e é por isso que sigo a cantar, versando um verso novo, rimando uma nova rima e cantando uma nova (ou velha) canção, que sei que atingirá o coração de quem prestar-se a ouvi-la.
Como amo de paixão este homem, Carlos Silva, amigo, irmão, companheiro de estrada e de versos desencontrados, encontrados ao rés do chão batido de nossas vidas... A minha no sudeste, a dele no nordeste, no norte, no sul, no oeste, desta terra Brasil... Assim, nós que somos caminheiros de paragens distintas, encontramo-nos assim por acaso... Talvez tenha sido no ocaso de um dia que findava, no limiar de uma noite que se tornaria linda e inesquecível: Duas almas paridas em terras distintas da vida se reencontravam! Carlos Silva tem nas mãos os calos de terras nordestinas... Nos pés o pó de terras batidas por tantas idas e vindas... Vidas Secas, fugitivas, mas esperançosas de encontrar algo melhor para si e os seus! - Carlos Silva é ave que bate as asas onde quer... Mas é bem família, bem pai, bem marido, que fala deles com tremor na voz... - Sandra Regina, que o diga! Mas Carlos Silva não chega à noite filha do ocaso de um dia qualquer de São Paulo, barulhenta e cinza, seco, amargo, sem vida! Ele vem cheio de versos, cheio de rimas, cheio de dizeres estranhamente atraentes e inteligentes... Carlos Silva vem sabedor das coisas da vida cheia de penas, mas rica, pulsante... Nossos olhos se encontraram no instante de um primeiro olhar... Homens também se olham... Se medem... E nossas bocas falaram, e em nossa fala as palavras eram e sempre foram filhas de nossas almas que se reencontraram... Tempo transcorrendo fomos nos reencontrando outras vezes! E respiramos poesias, e comemos poemas! E bebemos da lírica da vida! Eu, romântico empedernido, ele vasto, múltiplo, raiz da terra nordestina... E nossas diferenças foram abrindo um para a outra os braços, que se tornaram laços, de amizade cheia de bunitezas e profunda! Esteve comigo em minha casa, não olhou parede, não olhou piso, nem isso, nem aquilo, sentou-se em minha mesa, deu graças a Deus pelo alimento oferecido, e comeu comigo, com os meus, como eu comeria com os seus, a nossa santa ceia! - Não havia nenhum Judas entre os convivas, e Cristo estava em nossas almas, nossas mentes, corações... E neste momento meu chatô virou um palácio! A conversa foi fluindo, rio caudaloso a matar a nossa sede... Faltou a viola, não faltaram versos... Ficou a certeza da vontade de outro reencontro... Ficaram saudades! Amo de paixão Carlos Silva! Que agora rompe trechos lá em Apurá na Bahia... Ainda sento no seu tamborete, pois as poltronas da academia de letras não tenho acesso... Sentam-se comigo minhas poucas rimas e meus poucos versos... Mas vou beber da fonte, Carlos Silva é Patativa do Assaré, é Gordurinha, é tantos outros mais... E é Carlos Silva cheio de malabarismos ao driblar Estrangeirismos, música protesto, que me faz rir por demais... E é quem força a voz no brado contra a devastação da natureza, é quem satiriza a modernidade dos Giga Bytes... Ainda sento no seu tamborete! E serei como ele, rei da congada, das cavalgadas nas terras de Aporá e seus quintais...
Para estes pensamentos recebi resposta...
Ao abrir essas paginas eletrônicas, deparo-me com estas palavras vindas de um coração e de uma mente, pertencentes estes a um poeta que tive o maior prazer e orgulho, em conhecê-lo. Um tangedor de palavras, um avuante nos versos, um doutor no expressar do dize, através da santa palavra poética que vem do seu âmago, e paira sobre as nossas mentes a convidar-nos a benção da santa leitura; És tu EDVALDO ROSA,um andante das palavras poematizadas que "erupciona" do fundo do teu coração, e por elas sou grato a ti meu irmão.Recordo-me do farto banquete em tua casa, ao lado da Maria, dos filhos, da mamãe, numa tarde só nossa de tantas palavras ditas e ouvidas, grafadas nas nossas mentes para até o dia de despedidas finais.Lembro de ti, feito vôo de borboleta, polzante em cada pétala do meu juízo ao recordar-te. Deus me deu o privilégio de conhecê-lo em meio ha tanta loucura cinzenta de uma cidade que sabe abraçar quem a abraça.Jamais sentarei numa cadeira da Academia, mas meu tamboretezinho lá no quintal de casa da minha querida Itamira município de Aporá, estará sempre a disposição dos verdadeiros amigos que a vida me presenteou como você.Divisor e ou multiplicador da língua poética, valorizando cada frase de um simples trovador daqui do canto do mato verde, as vezes seco, pela estiagem proposital da natureza. Não sei se Fabiano ou Dona Vitoria, junto com os meninos, o papagaio e a cachorra, passaram por aqui, mas a descrição da minha terra(As vezes) é a mesma narrada na historia, tornando Secas as Vidas que por aqui passam, mas sempre sobram pequenos filetes de tempos para prosear um verso em meio a tanta bunitagem exposta aos nossos olhos.Somos, a cima de tudo fortes, e por isso o versar jorra inundando as nossas palavras sertânicas em meio a tanta inspiração.Que Deus conserve a tua verve poética meu amigo, meu irmão," meu vizinho de coração" apesar da distancia batendo no mesmo ritmo da vida e da consideração que se despeja entre nós dois e nossas famílias.Amo você meu amigo, com o sentimento mais sincero que Deus pode agraciar-me na emoção da vida.Beijos em toda tua família e que estes 150 NATAIS que ainda virão, possamos juntos compor muitos versos.
Forte abraço e até daqui a pouco, num outro raiar de tempo para todos nós.
Espero que ocorra outro desdobrar de tempo, e nem que seja no verso ou reverso deste, que outro encontro se faça! E assim tangendo versos, estejamos outra vez frente a frente irmanados ternamente... Nem faço idéia de onde fica Apurá... E se Bibiano, a mulher, as crianças estiveram com ele comendo o pó de seus caminhos... Parece-se que se por ali passaram, o fizeram antes do papagaio virar comida, para bocas famélicas... E Baleia ir caçar preás no céu dos cachorros... Mas, sinto intimamente, que Aporá foi lugar de parada... Eles, como o Carlos, como eu, são filhos do Mundo cheio de Penas... Vivamos, pois cada momento, antes que aves de arribação, ganhando os céus, fale a nós todos que é chegada a hora, de arrumar as nossas tralhas e seguir em frente... Sem destino certo... Em qualquer direção!
O homem da foto, amigo e companheiro, significa o que ele é, e o que sinto ou penso dele... Mas a sua figura na foto, antes de tudo é um reflexo, de quem o olha frente a frente... Nós todos somos frutos, filhos um do outro! Paridos do amor e do respeito, ou doutra forma do ódio e do despeito! Tomemos cuidado então com os nossos relacionamentos! Sejamos o melhor que pudermos ser... Para que os outros possam optar por seguir-nos...
Estendamos boas mãos, para que a quem ás estendemos não queiram só os anéis de nossos dedos, sem um pingo de amor, respeito ou consideração!
Edvaldo Rosa e Carlos Silva
Enviado por Edvaldo Rosa em 14/12/2012