Irmão a gente nunca esquece! E um que a vida escolheu, que toca tanto nossas almas e coração, nem se fala... É verdade que eu morro de vontade de sentar em teu tamborete no avarandado contiguo á tua sala, e contigo ver a vida passar lentamente... Ouvindo a voz nascendo do coração da gente... Em cantorias, as tuas, pois eu não canto nada, e as minhas poesias nem tão dolentes, ponteadas pela tua viola, fortemente dedilhada, por teus dedos que sabem tanto das mazelas e dos sonhos ainda não sonhados de tua gente! E que são velhos conhecidos do pó das estradas, outrora pedras brutas hoje alquebradas pela marcha incessante de tua gente tão amantissima quanto amada! Irmão a gente nunca esquece... Principalmente você, cabra da peste, que desde que foi para o nordeste, deixou uma saudade que não cessa, que não passa...Irmão a gente nunca esquece, principalmente um que olha fundo no olho da gente. E tem na ponta da língua muitas vezes afiada, a palavra que apazigua nossas dores, e que em outro instante, acerta o nosso passo nas estradas... Quando não, desvia do seu próprio rumo e caminha lado a lado com a gente, mesmo sem saber ao certo aonde vai dar a nossa estrada! - Como se soubéssemos de antemão o destino da gente! Irmão a gente relembra constantemente, quando irmana em seu coração o que é para nós muito caro... Creia que nestes dias que correm irmãos assim são quase artigos raros, e que por isso temos que cuidar constantemente, como se fosse algo de delicado, que corre o risco de quebrar-se, ou perder-se! Irmãos a gente nunca deve esquecer, mesmo que não sejamos assim tão afinados... Pois os momentos de crise podem e devem antever, momentos de paz e comunhão... Irmãos são seres como a gente, mas que tem suas próprias almas e corações, individualidades que necessitam vez e outra de alguma oposição para crescerem e amadurecer... Assim, nascemos sementes, crescemos plantas de calibres vários, e a vida às vezes vai nos vergando, outras vezes nem tanto, noutros momentos somos transformados em toras, pré existências de carvão... Irmãos são muitas vezes aqueles, que em suas mãos tão calejadas quanto as da gente, varrem o pó das nossas incertezas, tomam o que resta de nós com amor e paciência, e com seu dom de amar, que não deve ter nenhuma barreira, e lentamente, lentamente, com sua persistência, transforma a gente, pedras-carvão, quase descrentes, em belíssimos diamantes, de raríssima beleza! Transformando a gente de uma forma inimaginada! E como esquecer um irmão assim, Carlos Silva? Como esquecer-te?