POEMA LONGO...



INTRODUÇÃO:



A vida é como o grande volume de água num rio!
Nasce gota a gota, espremido entre pedras...
Que se avoluma com o tempo,
e com o tempo abre caminhos e estradas...
Para assim empreender a sua caminhada,
o seu destino, rumando para ser mar!


I

Olhos pregados no nada,
Pensamentos revoltos, meio tortos, absortos em si mesmos!
A vida deu-me nós e nós, e a sós, olhava o nada, olho no olho
Um passado inacabado!
Olhava a mim mesmo, á minha vida como um rio caudaloso,
Onde não sabia o começo,
Nem queria saber o fim...

Olhar a vida como um rio em busca do mar,
Fez com que pensasse em cada gota, deste rio a caminhar...
Olhos nos olhos, uma vida rota,
Com um gosto amargo na boca,
Comecei a chorar!

Mais algumas gotas soltas ao rio que vai dar no mar!

Lágrimas que bailam no ar, antes de fenecer...

E antes de reencontrar no rio caudaloso de meu eu,
Os braços que me ofereceram salvação,
Uma nesga de lembrança do meu passado,
Rasgou feito flecha, como seta as memórias de meu coração:

O meu pai não era pedra, era Pedro, não era pescador...
Era um buteiro que num ventre de boneca,
Num momento de amor e de ternura,
Com rudeza e doçura, um rebento costurou!

O menino numa caixa de sapatos,
Que era um pouco mais do que um feto,
Magrinho e mirrado, um dia vingaria...
Por obra da Virgem Maria, e por um milagre de Nosso Senhor!

À rudeza do pai era inapto,
Pela doçura da mãe se encantou!
E nas direções de seus passos,
Estava inseguro e despreparado...

Seguia a vida, numa clausura sem claustro!
Meio que vivendo sem saborear a própria vida...
Vivia procurando um milagre!
Que um dia encontrou:
Como tantos, por uma menina, menina, foi amparado!
E ai sim, vingou...

Era o esperado milagre da Virgem Maria!

Sb a benção de Nosso Senhor!

E assim precisei falar primeiro de mim,
-pequena gota,
Para falar de outra neste rio em busca de mar...
Com ares de nem ter fim...