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O PREGO E A PAREDE...
Em minhas conversas diárias, um interlocutor resumiu o seu pensamento em uma frase: “Sou um ótimo prego, esperando por uma ótima parede onde me fixar!”, senti como é bom, quando conscientemente a gente se valoriza e quer encontrar alguém com o mesmo grau de consciência.
Fiquei pensando durante algum tempo, sobre a nossa conversa; no prego e na parede, na idéia que estava implícita neles... Não saíram de minha cabeça...
Fico imaginando se devemos mesmo procurar esta tal de parede, que tenha condições de receber-nos; e em principio penso que sim...
É importante que vivamos com pessoas que estejam antenadas conosco, de forma que não vivamos atribulações, que a principio poderiam ser evitadas...
Mas quando o amor acontece, não temos como saber se o alvo de nossos sentimentos é ou será a pessoa perfeita para nós... Será que existe esta perfeição?
No decorrer da vida vamos individualmente adquirindo conhecimentos e absorvendo conceitos que a rigor podem não dizer nada para a pessoa com quem vivemos, e quando acontece tal fato, normal nestes dias que correm, como deveríamos agir?
Uma conversa franca é um bom começo para um entendimento, mas não garante que este ocorra efetivamente.
Paciência seria um atributo necessário, para ambos os envolvidos, nesta divergência; em um daria o entendimento de que cada pessoa tem um tempo diferente para a maturação de certos conceitos, que para outros já estão maduros... E para o outro envolvido, a paciência deveria propiciar uma aceitação das diferenças presentes no outro companheiro.
As pessoas são individualidades que convivem juntas em busca de harmonia, trazendo dentro de si, pequenas porções de caos, latentes, prontos para estourar!
Uma consciência plena de si mesma, tem que respeitar as outras consciências, que não estando numa mesma sintonia, não é inferior, menor, em valor e importância.
Uma consciência plena, não deveria entender e aceitar as pessoas como são?
O que para uns é fato consumado, de onde retiram um proveito, para outros pode não ser assim... Existem muitos caminhos no mundo, muitas correntes filosóficas, e mesmo que pareça que todos estão num mesmo contexto, na realidade não acontece assim... O viver é uma experiência muito subjetiva, em que cada ser vivo tem experiências distintas, mesmo que pareçam muito iguais!
Por outro ponto de vista, impor vontades não é salutar. É um abusar de competências...
Amar não é impor regras ou comportamentos, baseados apenas em vivências próprias, por mais que deram certo, para nós...
Ensinar não é esperar que os educandos rezem por nossas cartilhas, mas sim, que eles possam absorver os conhecimentos ministrados, elaborá-los e aplicá-los conforme inclinações próprias.
As pessoas são como são, e dão apenas o que tem em dado momento, para ofertar!
Uma professora bem preparada, além de disseminar seus conhecimentos para os alunos, pode fazer mais o quê, além disso?
Um pai pode orientar os filhos, consoante ensinamentos enraizados na família, com ares de modernidade, para serem mais bem compreendidos, pode posicionar-se, expondo o seu pensar e modo de agir, mas a partir de certo momento da vida dos filhos, pode fazer mais o que?
O amante, a professora, o pai, podem ser enfim um ótimo prego, mas e a pessoa amada, os alunos, os filhos, será que já estão prontos para desempenhar o papel de ótima parede onde estes pregos querem se fixar?
E em nossa vida não podemos ir trocando de grupos de relacionamento, só por que não estamos recebendo entendimento sobre o que estamos ofertando.
Não entender a individualidade dos outros causa aborrecimentos e sofrimentos, mas não podemos impor vontades, ditar regras de comportamento, obrigar quem quer que seja a viver sob determinado conceito moral, ético, filosófico, religioso...
Temos sim, antes de tudo, ter um pensamento coerente, claro, fortalecido, que possa vir a ser seguido por outros, como exemplo... Impor é ditadura! Obrigar é subjugar! E almas e corações nunca aceitam ser assim tratados... Quando muito, os corpos podem ser assim tratados, mas sentimentos, pensamentos, não.
O bem que certos comportamentos, pensamentos, trazem para uns pode ser um grande mal para outros, pois existem tempos diferentes para acontecerem as coisas, pois as pessoas são indivíduos diferentes...
Cada ser é o único responsável por si mesmo, as outras pessoas são, quando muito, apenas coadjuvantes...
Para finalizar, pessoas não são pregos e nem paredes! Os pregos são criados por diferentes usos, e alguns não se fixam bem em paredes...
As paredes são estruturas que podem ou não apresentar solidez para receber alguns pregos...
As pessoas, por outro lado, são criaturas que vão se formando lentamente com o decorrer da vida, que se moldam ou não conforme suas vontades e inclinações...
Sejamos firmes de propósitos, rijos em determinação, mas não sejamos inflexíveis como alguns pregos, nem sejamos fracos como algumas paredes sem solidez, nem duros blocos de argamassa, que não se permitam absorver conhecimentos e novas vivências...
O que é certo, sempre será certo, e o que é errado, sempre será errado, segundo a minha ótica, portanto não deveríamos procurar um meio termo?

Edvaldo Rosa
26/10/2010
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Edvaldo Rosa
Enviado por Edvaldo Rosa em 26/10/2010
Alterado em 24/11/2010
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