Educar é uma ação...
Nestes dias que correm, o ato de educar tem esbarrado em dilemas ligados a propósitos e a métodos de ensino e aprendizagem.
No que se refere aos propósitos, sempre estão embasados em altos níveis de expectativas, a saber, entre outros:
Inclusão do educando na sociedade, com uma bagagem que o torne apto e atuante, de forma que possa destacar-se e progredir dentro desta mesma sociedade.
Dar atenção a cada educando, como individuo, respeitando todas as suas peculiaridades, tanto culturais quanto pessoais.
Fazer valer dentro de sala de aula a participação de cada aluno, numa interação sempre constante entre alunos e professores.
Fica em mim a impressão de que os objetivos ultrapassam as capacidades tanto de alunos quanto dos professores, visto que ambos carecem de um maior preparo e empenho, para a consumação de tais objetivos.
No que tange aos educandos, sinto que estão muito fragilizados em sua constituição como pessoas e assim, não compreendem a totalidade daquilo que lhes é proposto.
Quanto aos mestres, mesmo apoiados em anos de preparo para o magistério, deparam-se com uma realidade que foge ao seu domínio e possível entendimento.
As políticas governamentais para a educação são sempre ambiciosas demais, com muitos requintes e detalhes que estão fora da realidade daqueles a quem se destinam.
O problema maior esta apoiado na qualificação escolar pretérita de cada aluno, qualificação esta que foi construída mediante ás políticas governamentais anteriores para a educação.
Qualificação que esbarrou em vários problemas inter-relacionados, entre os quais:
Vontade de cada aluno e seu empenho em aproveitar a permanência dentro do ambiente escolar ao máximo e na outra ponta o apoio dos pais e participação destes na vida escolar dos próprios filhos.
Faço esta generalização sem medo de errar, consciente de que existem exemplos de participação de alunos e pais no processo de aculturamento e aprendizagem de nossos jovens.
E sim, creio que educar é uma ação, uma ação em constante modificação e aprimoramento, mas ao mesmo tempo me pergunto; Qual o modelo educacional que queremos para nossos filhos?
E mais, Quem são os nossos filhos, ou como estão estruturados, para enfrentar os desafios dos dias que correm nesta sociedade tão competitiva e desigual?
Educar é assim uma ação coletiva em que a participação também é coletiva, onde pais e escola são ou deveriam ser parceiros intimamente ligados...
Esta ação de educar fica sempre prejudicada quando aqueles que deveriam exercê-la não têm um relacionamento franco e aberto, onde objetivos estejam consoantes com métodos...
As escolas, por exemplo, depara-se com realidades que são em sua maioria desconhecidas pelos pais, a respeito dos próprios filhos...
Os pais a seu tempo, deparam-se com conceitos educacionais aos quais desconhecem e por falta de engajamento com a rotina escolar, no que tange ao conteúdo programático da escola, e estranham... Pior ainda, pais e escolas estão se estranhando mutuamente.
Uma possível solução para estes dilemas reside em meu pensar em dois pontos:
Que os pais saibam realmente quem são os filhos.
Que os pais saibam realmente o que as escolas procuram ensinar.
Existe como conseqüência das adversidades da vida cotidiana um alheamento nos pais no tocante aos próprios filhos... Os nossos filhos são muito mais do que apresentam dentro de nosso ambiente familiar!
E as escolas têm sido usadas como depósitos para problemas familiares, sociais, que não são objetos de sua alçada e competência. Não obstante todo o empenho de professores e diretores na equalização destes problemas...
Sim, educar é uma ação!
Será que estamos todos, pais, filhos, escolas conscientes de sua importância?
Em certo sentido eu penso que não!
No momento em que todos nós, fizermos o nosso melhor, estaremos mais conscientes da importância da ação de educar...
Penso que estaremos neste patamar de entendimento, quando por um lado, tivermos plena consciência de quem são os nossos filhos, o que querem, o que pensam e o que sentem...
Quando os nossos filhos souberem quem somos enquanto pais e os objetivos que almejamos...
Quando pais e filhos estiverem abertos para os desafios em nossa sociedade contemporânea e trabalharem juntos para vencer tais desafios...
E também é importante sabermos que a educação é uma ação política, e que governos são políticos...
Educar é uma ação...
Como estão sendo, efetivamente, empreendidos os nossos esforços na ação sempre constante e dinâmica de educar?
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net16/09/2010