Brinco com fogo, qual criança, Sem temer, temendo me queimar, Quando lhe direciono os meus pensamentos, Encadeando palavra após palavra, No tanto, que o pensamento careça para se formar... As palavras não são amigas! Nem minhas, nem tuas, nem de ninguém... As palavras se prestam a tantos juízos, Comprazem-se com todos e tantos, Dizem o que nem queremos dizer, Desdizem o que dizemos... Revelam-nos em seus silêncios! As palavras refletem os nossos ânimos, Reproduzem os nossos instintos... Servem como espada para nossos inimigos, Como ungüento para nossos ferimentos, Em mãos amorosas, amigas, delicadas... As palavras não são amigas! Por si só são qualquer coisa e quase nada! Às palavras dos outros, cuidados... Às nossas... Temos que tê-las sob um rígido controle, Um amoroso domínio!