Por que me falta a lembrança exata, de uma infância feliz? Se a tive, o que fiz para esquece-la, ou enterra-la dentro de mim? Para jogá-la entre meus guardados, dentro de mim tão perdida? Penso que de tão feliz esta infância, até hoje ela não se cansa, de brincar de pique-esconde, estando escondida ainda, a espera de mim... Sabê-la ausente, pressupõe que tenha havido, que em algum tempo tenha existido, num tempo e espaço que não este daqui... Mas temo que seja passado, a infância que temo ter perdido... Como as águas de um rio, que enquanto passam ainda são o rio, que vão de um lugar a outro mais longinquo... E que nunca mais voltará! No mais, será que quem vive, tem a consciência exata do que vive, e de que vive um momento raro, um instante caro, que muita saudade lhe trará?