Persigo teu rastro Palpável aos olhos Nada que me detenha Não meus pés Minhas veias Água negra Bebo, bebo, feneço Um trago, maço de ar Deito língua, faminta Na tela das palavras Roço exclamação Cada virgula tua nas minhas Interrogações E na janela do teu poema Salto, suicídio Enquanto os sapos engolem a madrugada
Persigo teus sentires, que fogem de meu olhar, com a tua face queres deter o meu prescrutar! Não vês que quero saber de ti, coisas que a sua boca teima em emudecer... Não vês que passo noites e noites em claro, rolando em minha cama, sem ao menos de ti saber? E se achegas ao meu corpo, rouba-me o calor, rouba-me a atenção! Meus gestos são sim todos seus, os seus será que são todos meus? Deito minha língua faminta, sobre ti com sofreguidão, apenas para colher silêncios... Agora escrevo-lhe os meus sentires, antes que saltem pela janela, meu amor, meu desejo por ti! Salto, suicidio, renuncia, neste abismo que cavas com seu silêncio... E as reticencias em tuas intenções!