Jogado na calçada, ultrapassado por pernas celeres, jaz um corpo estendido, cujos sentidos se fazem ausentes! Mal-trapilho e em frangalhos, braços e pernas estendidos, membros inertes dum corpo adormecido! O passar do tempo, não tem nenhum sentido, neste refúgio de abandono, se tem sentimentos, só mostra o sono, o sono dos esquecidos! É tarde, o sol escaldante, talvez já não escalde nada, dada tanta a graxa, naquela face, sem feições, enegrecida! O tempo, a dança das horas, não liga pro ser ali estendido, que talvez nem tenha forças, para abrir a própria boca, e os olhos espelhos d'alma, indicio de vida! Vida? Que vida é essa? Que transforma homens nisso... Num borão, numa poça, num arremedo de vida, numa piada sem graça, que aprisiona almas nestes refúgios, que transforma homens em bichos, sem eira nem beira, sem nada... Que mais parece lixo!