Debruçado na janela de vidros escancarados e baços, Olho a rua e os passantes a tua espera! É uma loucura os meus pensamentos, E meus sentimentos estão dispersos Entre a tua partida e a espera! Uns sons me vêem á lembrança e estremeço, Tua voz, num tom de raiva e receio... Eu cá solitário á espera, Tu ai, longe, não sei o que pensas... E tu não sabes o que eu cá penso! Era necessária esta distância toda? Quilômetros e quilômetros de sofrimento e medo! Não sabes que te amo mais que tudo? Não sentes que sinto que me amas ardorosamente! É tão grande a distância que nos separa, Que nem telefone tem ai a teu lado... E o nosso cá mudo, vigio em desassossego! Quando não vou á porta da rua Pressentindo os teus passos... Quando não me debruço na janela, De vidros tão baços quanto meus olhos Que vertem lágrimas tão copiosas e gélidas!